Vitória, 29/05/2007.
Kelly de Oliveira Tavares
Proposta de comunicação e relato de experiência para o
VII Seminário Capixaba sobre Ensino da Arte.
UFES_ Universidade Federal do Espírito Santo
As análises de fotografias na imprensa fazem os alunos perceberem que tais imagens não apenas ilustram uma matéria, mas também apresentam conteúdo informativo próprio, e que algumas vezes a informação da imagem não corresponde à do texto escrito, havendo um conflito de mensagens, o mesmo ocorrendo em relação à legenda e à foto que referencia.
Kelly de Oliveira Tavares
Proposta de comunicação e relato de experiência para o
VII Seminário Capixaba sobre Ensino da Arte.
UFES_ Universidade Federal do Espírito Santo
As análises de fotografias na imprensa fazem os alunos perceberem que tais imagens não apenas ilustram uma matéria, mas também apresentam conteúdo informativo próprio, e que algumas vezes a informação da imagem não corresponde à do texto escrito, havendo um conflito de mensagens, o mesmo ocorrendo em relação à legenda e à foto que referencia.
Apesar de pesquisar há pouco tempo a leitura de fotografias midiáticas por alunos, intencionando uma formação crítica de receptores desse tipo de imagens já a partir da escola, percebo que os exercícios realizados já caminham nesse sentido, pois claramente os alunos modificam seus conceitos e pontos de vista sobre a fotografia nos meios de comunicação de massa.
Em relação à publicidade, relatos de modos de consumo mais consciente apontam para uma nova postura diante da propaganda.
Sobre fotografia e imprensa, ao fazer os alunos perceberem que a fotografia é um documento histórico com conteúdo próprio, não necessariamente atrelado a um texto escrito, demonstro que esse tipo de imagem é uma elaboração sígnica realizada por um agente de acordo com suas próprias referências, mas que atende a interesses de cada veículo e dos meios de circulação.
Mais pesquisas são necessárias, porém as atividades já realizadas indicam possibilidades de um papel ativo da escola fundamental na formação de receptores críticos da imagem midiática, contribuindo para um efetivo desenvolvimento de cidadãos conscientes.
Proponho nesta apresentação, um convite a este debate com a imagem fotográfica em sala de aula, em especial, nas aulas de arte, para trazer à tona elementos históricos, estéticos e atuais do campo da arte-educação, aliados à realidade e necessidades dos alunos de estarem preparados para estabelecer um debate crítico, um questionamento e capacitar-se para uma elaboração de condutas e estratégias de mudança, condizentes com essas necessidades inerentes não só à formação de uma comunidade, mas principalmente, à formação de cidadãos. A fim de se contrapor ao modelo passivo de sociedade que vem sendo apregoado e construído pela mídia e pelos estereótipos das imagens midiáticas.
A comunicação terá foco na importância da fotografia como objeto de percepção. Tal proposta vem sendo desenvolvida em minha monografia, que trata da fotografia como objeto de percepção e sua aplicabilidade em sala de aula e em oficinas extra-classe como a proposta que relato adiante.
Relato de experiências:
O presente relato, apresenta uma série de práticas de arte-educação, que desenvolveram-se a partir de minha pesquisa monográfica que, tem a fotografia como principal objeto de investigação e percepção.
Na versão para este seminário, trago um breve relato sobre essas experiências desenvolvidas a partir do desenvolvimento prático de diversas oficinas e da oficina que estou realizando em Goiabeiras.
A oficina, “Debate com o fotojornalismo” propõe o desenvolvimento da análise crítica e relacional de fotografias veiculadas nos principais jornais impressos da região sudeste: A Gazeta, A Folha de São Paulo, A Tribuna e O Globo.Tem carga Horária de 12 horas e está sendo desenvolvida e atendendo gratuitamente, jovens e adultos da comunidade de Goiabeiras que tem interesse na temática do fotojornalismo e leitura da imagem fotográfica.
Convidamos 50 alunos da rede pública, da escola Almirante Barroso e alguns moradores do bairro de Goiabeiras apenas 10 pessoas demonstraram interesse em conhecer a proposta da oficina, que tem duração de um mês e é realizada às sextas-feiras, 18h na Escola Pública Adão Benezaht. No terceiro encontro com o grupo, debatemos com apenas cinco alunos, mantendo contudo, o mesmo grau de interesse e participação, dos encontros anteriores.
“Observatório da Imagem”
Em sua terceira versão, a oficina intende ser uma abordagem dentro de muitas outras que estão em pauta neste projeto, que venho desenvolvendo há um ano e meio com a fotografia e a leitura de imagens e que convencionei chamar de “Observatório da Imagem”.
O “Observatório da Imagem” é um projeto que propõe o desenvolvimento de oficinas de leitura da imagem fotográfica, através de temáticas, que podem ser adaptadas a diferentes faixas etárias e realidades.
Objetivos
No caso da oficina, “Debate com o fotojornalismo”, procuramos chamar a atenção dos alunos para o desenvolvimento de uma análise crítica dos seguintes fatores:
· O papel da mídia na sociedade: Mazelas e contribuições
· A relação da sociedade com a mídia
· Imagem fotográfica x Realidade
· A espetacularização da notícia
· A estetização da violência
· As diferenças estéticas adotadas por cada editorial
Justificativa
Colocar em prática aquilo que temos o dever de fazer como cidadãos. O dever da responsabilidade social, visando integrar a sociedade em seus diversos saberes, através da contribuição pessoal para a construção de uma sociedade mais justa e ciente de seus direitos e deveres como cidadãos. Tarefa que entendo fazer parte da trajetória de qualquer educador.
Contribuímos com experiências teóricas e práticas à cerca da leitura de imagens fotográficas, do fotojornalismo e da arte-educação.
Metodologia aplicada nas oficinas
A metodologia adotada nesta oficina, fundamenta-se nos preceitos teórico-metodológicos de Paulo Freire, com base em sua Pedagogia da Autonomia e Pedagogia do Oprimido. Construindo o conhecimento em grupo, extraindo dos estudantes aquilo que eles já sabem, através do debate. Os temas geradores são fornecimento em forma de questões polêmicas, inerentes ao tema e que servem como estímulo para desenvolvimento do debate em grupo.
No trato com a imagem procuramos trazer à tona questões desenvolvidas por teóricos da área da arte-educação, como Ana Mae Barbosa e Ana Amélia Buoro, na área da filosofia a inclusão de questionamentos de Vilém Flusser, Roland Barthes e Phillipe Dubois, na área de história da fotografia e fotojornalismo, os historiadores Boris Kossoy e Jorge Pedro Souza e a crítica de fotografia Susan Sontag, como referência no campo da produção artística buscamos as referências de Rosangela Rennó e Eustáquio Neves, para citar apenas os principais autores que buscamos como suporte.
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