quinta-feira, 21 de junho de 2007

Arte-educação no Brasil _ Articulação entre o liberalismo e o positivismo

Resenha do texto de Ana Mae Barbosa; Arte-educação no Brasil _ Articulação entre o liberalismo e o positivismo ; Ed. Perspectiva S.A., 3 ed., São Paulo, 1999.

No capítulo cinco, a autora relata o período da influência do liberalismo e do positivismo, no ensino de desenho, nas escolas brasileiras. Analisando, em especial, o século XIX e as escolas onde uma metodologia de ensino desta disciplina foi desenvolvida, a partir de pressupostos políticos e reformas governamentais., como a que a autora introduz o capítulo:

“Em substituição ao Código Fernando Lobo, foi decretada uma reforma educacional: O código Epitácio Pessoa, que vigorou de 1901 a 1910 e deu especial atenção ao ensino secundário.” (BARBOSA, 1999, p.77)

Cita o importante papel de Rui Barbosa, como deputado, na promoção da Reforma educacional brasileira, tratando também do ensino de desenho na formação dos jovens. Outros nomes influentes são citados pela autora como, Cezar P. Borges e Theodoro Braga.
Segundo a autora, a influência positivista no ensino de desenho, valorizava os ornamentos, as cópias, o desenho de observação, técnico e geométrico e propunha um programa de ensino seqüencial e de dificuldade progressiva, um programa que caracteriza uma suposta evolução de desenvolvimento do nível estético e complexo das formas, sempre em torno da geometria. Programa este que passaria do desenho a “mão livre”, do ornato geométrico à produção de um realismo ou de um projeto, caracterizado pelo desenho técnico. Abordando a disciplina com uma conotação científica e utilitária. Como um meio para se desenvolver algo e não como um fim em si mesmo.
Descreve a criação dos Liceus de Artes e Ofícios como instituições representativas deste modelo educacional e do importante papel que estas instituições desenvolveram na profissionalização e formação técnica de profissionais para atender a um mercado de trabalho em crescimento e de cunho industrial. Das influências do “Art Nouveau” francês de íntima relação com o processo de industrialização e desenho europeu com tendências estéticas decorativas e das influências das escolas norte-americanas, mais tecnicistas.
Relata um pouco do processo de descentralização da educação com relação ao Estado, quando da implantação da Lei Rivadávia Corrêa (Decreto número 8659 de 1911), segundo Barbosa mais um processo imediatista e de foco político aplicado no projeto de educação nacional. A falta de suporte governamental e técnico, ou seja de professores habilitados com proposta educacional autônoma efetiva, levaram as escolas de desenho a uma fragmentação arbitrária e a uma divisão de interesses dicotômicos que atendiam às tendências das escolas externas, já citadas, de um lado a vertente matematizante e de outro uma tendência estetizante, representada pela Escola Nacional de Belas Artes.
Na tentativa de reverter este quadro, implanta-se a Reforma Carlos Maximiliano (Decreto n. 11530, de 1915) que vigora até 1925 e restitui a responsabilidade do Estado e do Governo Federal como principais gestores e reguladores dos projetos educacionais.
A disciplina de desenho passa para um caráter auxiliar dos cursos preparatórios, para ingresso no curso secundário e superior e inicia um lento processo de ampliação e estruturação conceitual, na medida em que se desenvolvem estudos no campo da psicologia da educação e do papel da arte no desenvolvimento da psique. Da contribuição de teóricos como Wundt e E. Pothier, que defendem a incorporação do processo imaginativo para a criação artística e desenvolvimento psicológico da criança.

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