quinta-feira, 21 de junho de 2007

As Escuelas de Pintura al Aire Libre do México

Resenha do texto: A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999. Texto: .



Segundo a autora, Adolf Best Mangard, escreve em 1923, o livro, Escuelas Al Aire Libre. Neste livro o autor relata sua pesquisa sobre a leitura e análise da cultura mexicana e seus objetivos engajados em valores sócio-políticos de resgate e valorização da cultura nacional, sobretudo através do ensino da arte e expressão artística. Valores que até então encontravam-se sob o jugo dos colonizadores e opressores, que servira como modelo, e de certa forma servem até hoje, para os povos subjugados e colonizados da América Latina.
Partindo deste pressuposto o autor, valoriza artistas mexicanos, também engajados politicamente, intelectuais como o filósofo, José Vasconcelos, que exerceu ampla influência inclusive em outros países da América Latina, como o Brasil, quando da criação de escolas e bibliotecas infantis. Denota a tendência modernizadora a que se inclinaram essas escolas, por influência de artistas modernistas e relata alguns desacordos políticos que suscitaram o declínio dessas escolas e de sua filosofia libertadora de caráter nacionalista e experimentalista.
Apesar de defender seu ponto de vista a autora, influencia demasiadamente com sua opinião no decorrer do texto, quando reduz fatos supostamente reais a uma opinião sem embasamento factual comprovado. Fato que podemos constatar nas seguintes passagens:

“Os mais agressivos destruidores das Escuelas al Aire Libre assim agiram por razões meramente pessoais como Raziel Cabildo ... para se afirmar procurou destruir Ramos Martinez e sua obra mais importante: as Escuelas al Aire Libre.” ( PILLAR,1999, p.114)

“O pior é qu uns criticam a Escuelas por não serem tão livres quabto deveriam (Carlos Mérida) e outros por serem livres demais (Raziel e posteriormente Tibol e Guerrero).” (PILLAR, 1999, p.114)


A autora, utilizando adjetivos, reduz toda uma complexidade factual e processual, que deveria ser relatada com maior compromisso aos fatos e documentos históricos, ao seu ponto de vista pessoal. Parece cair no senso comum quando, sem argumentos fundamentados, relaciona superficialmente a cultura européia com a latino americana, em detrimento da última, como vemos nas passagens à seguir:

“É doloroso notar a perversidade destrutiva da intelectualidade em países do terceiro mundo. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos... protegendo as primeiras experiências modernistas no ensino de Arte para crianças...” (PILLAR, 1999, p.113)

“Os arte-educadores dos países colonizadores tiveram o apoio dos artistas e críticos pelo menos para as duas mudanças de paradigmas de nosso século, o modernismo e o pós-modernismo, enquanto nos países colonizados os arte-educadores, além de serem considerados, pelo mundo das artes, como intelectuais de segunda categoria, foram combatidos quando tentaram reformular o ensino acadêmico...” (PILLAR, 1999, p.114)
Resenha do texto: Arte/educação Contemporânea: Consonâncias internacionais_ Questões de diversidade cultural e cultura visual: Comunidade, justiça social e pós-colonialismo In Ana Mae Barbosa (org.);

O texto em questão foi elaborado por três pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio e inicia com questões que estão muito em voga hoje, na educação e sobretudo no que diz respeito à introdução das novas tecnologias, à poluição imagética e informaiva, o multiculturalismo e a importância das manifestações regionais, locais e comunitárias como pontos de cultura e de identidade de segmentos da sociedade até então marginalizados.
Define o multiculturalismo como:

“Um processo educacional dedicado à preocupação com mais oportunidades igualitárias.” (BARBOSA, 2005, p.266)

Entendido como um processo guiado por objetivos e valores sociais e democráticos, o multiculturalismo fundamenta-se nos seguintes preceitos:
1. Fundamenta-se na realidade vivida pelos estudantes;
2. Preza por uma formação crítica;
3. Busca a proporcionar segurança, para que o estudante tenha liberdade de inquirir e argüir;
4. Propõe a desconstrução de preconceitos com base em pesquisa e fundamentação teórico-prática;
5. Procura investir no envolvimento participativo e experimental;
6. Busca estimular o engajamento político e formar cidadãos atuantes, que lutam pelo bem comum e por seus direitos e deveres;
Tais premissas são entendidas como um processo de construção em grupo, a partir da análise das realidades e da identificação de problemas para os quais elabora-se estratégias de atuação a fim de resolvê-los ativamente, junto à comunidade, buscando mudanças significativas.
“...A sala de aula deve servir de microorganismo para uma sociedade democrática, na qual os estudantes são capacitados a importar-se com e aprender a cuidar do outro.”

Daí entende-se, a reserva do direito ao exercício de cidadania, a que toda escola deveria assegurar e estimular aos estudantes. A escola como espaço cultural e político. Os direitos e deveres de cada cidadão como determinantes da ordem de funcionamento de um complexo sistema, do qual todos somos agentes ativos, na medida em que nos tornamos cientes de nossos deveres e direitos.
Os autores ressaltam a importância os termos herança, história e cultura para uma melhor compreensão das influências entre realidades diferentes que se encontram estabelecidas de maneira globalizante. Daí a importância de pensar em identidade pessoal e cultural como formas autênticas de valorização da própria identidade, a fim de estabelecer critérios perspectivos de mudanças sociais.
“Quanto mais se aprende sobre os vários sujeitos sociais, com suas histórias, heranças e interações culturais, mais complexo e rico será o conhecimento sobre os grupos sociais e culturais aos esses sujeitos pertencem.(STUHR, 1999)” (BARBOSA, 2005, p.272).

Os autores fazem um importante alerta sobre a questão do consumo na sociedade pós-moderna e das influências da mídia na formação da sociedade global.

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