quinta-feira, 21 de junho de 2007

A Economia das trocas simbólicas

Sinopse do texto: BOURDIEU, Pierre _ . Sergio Micelli (org.), 5 ed., Ed. Perspectiva, São Paulo, 2004.

O autor define o objeto de arte pela intencionalidade estética do objeto e não por uma funcionalidade e diz que o espectador para fluir a obra precisa estar pré-disposto a tal, a aceitar seus códigos, mesmo que não seja um iniciado no campo dos conceitos da arte. Contudo, uma introdução à história da arte dotará o espectador de algumas ferramentas úteis para a decifração de tais códigos inerentes ao objeto artístico. Isto é, se tal introdução for dotada de caráter crítico frente a tais conceitos e frente também aos próprios conceitos estéticos e de legitimação da obra e de seu modo de produção.

O autor critica uma tendência da história da arte a trabalhar apenas com ícones consagrados em detrimento de outros, traduzindo uma tendência a naturalizar aquilo que é do campo sociológico. Chama atenção ainda, para as conseqüências de tal falha, que se denota quando historiadores, ao retomar a leitura de determinadas obras, que ficaram apagadas em determinado tempo da história, não dispõem de registros históricos de tais suficientes para uma análise mais “fiel” e acabam por atribuir juízos de gostos e atributos simbólicos, além de incorrer em erros de atribuição de valores que nem sempre condizem com a veracidade dos fatos.

O autor contrapõe os conceitos de estética dominante às concepções estéticas de gosto não-domesticado. Definindo o modo de produção estética, como produto de uma transformação do modo de produção artístico. Daí a necessidade de se estudar a história da percepção dentro da ótica desses processos.

Questiona o espaço do museu como único fator legitimador da obra de arte e descreve um pouco, dos conflitos entre a burguesia intelectualizada, a burguesia “dominante” e a classe desprovida de acesso a arte.

Quanto a burguesia dominante, é acusada de forjar um discursso de conhecedora de obras de arte, como forma de legitimar sua supremacia aumentando seu distanciamento do público em geral, consumir e apropriar-se da obra de arte. Tal postura não se limita a isso e traz inúmeras outras conseqüências como a imposição desses valores a outras esferas e a difusão de idéias que elevam a arte ao campo do misticismo, do egocentrismo e atribuem ao artista qualidades de gênio e de “iluminados” por uma suposta “inspiração criadora”.

Quanto ao espectador desprovido de tais conhecimentos artísticos, o autor considera-o apto a vivenciar a obra de arte se tal espectador dispor-se a vivenciar os códigos propostos pelo objeto, se o espectador criar empatia nesta relação, interagir com a obra e permitir o rompimento com a percepção ordinária do olhar cotidiano e do comum naturalizado.

Em todos os casos, a interação dar-se-á em diversos níveis, quanto maior for a disposição e o acesso, mais ou menos freqüentes, aos bens culturais.

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