Este caso ocorreu em Carapina, grande Vitória, no dia 20/03 de 2007 e foi o primeiro homicídio que cobri como fotojornalista do jornal, A Tribuna.
Mais um jovem de 20 anos morto, por envolvimento com drogas na região.
Quando recebemos a notícia no carro, para seguirmos para o local do crime, ouvi a repórter lamentar o fato do homicídio ter acontecido com uma pessoa pobre. Pelo fato que isto não dá notícia e realmente não deu. Pelo menos por parte do jornal, não teve nenhum respeito. Por se tratar de um caso comum já banalizado em nosso cotidiano.
Acontece que a lamentação da repórter, apesar de ter me chocado, não aconteceu uma única vez, pude vivenciar o caso com outra repórter um tempo depois, em situação semelhante.
Chegando ao local, fui de encontro à mãe da vítima M. N., 40, que se encontrava rodeada pelos vizinhos e em estado de choque. Fui de encontro ao corpo e registrei o fato. Fotografei a situação da mãe, com o intuito de mostrar que esses jovens, tidos pela maior parte da sociedade, como marginais que merecem a morte, também tem família e que suas mães sofrem as conseqüências dessa sociedade injusta e estão sofrendo todos os dias. Ao fotografar essa mãe desejei que a sociedade voltasse os olhos para ela e se comovesse com a sua situação que representa a situação de muitas outras mães.
Comover-se não é apenas chorar por ela ou rezar, mas pensarmos juntos, em como podemos lutar para mudar este quadro. Pois, se é para mostrar a desgraça alheia, que esta exibição não seja consumida como um filme de terror e sim que sirva como reflexão e estopim para mudanças efetivas. Para cobrarmos das autoridades nossos direitos. O direito a cidadania, a educação, saúde, empregos. Para que nossos jovens tenham opção de escolha.
O depoimento da mãe foi ouvido e confirmou o envolvimento do filho com as drogas, falou de sua dor e nada mais. Nada mais tinha a dizer. E a justiça? Onde está nestas localidades? Isto não pode continuar assim.
O fato nem saiu no jornal e a foto ficou comigo, para que eu pudesse publicá-la agora em nome de todas as mães que perdem seus filhos, neste mundo de hipocrisias.