"Um domingo a tarde na Ilha de Grand Jatte", Georges Seurat, 1884.
Tenho realizado um trabalho semanal com o mesmo grupo de seis crianças latinas, na escola elementar Cesar Chavez. Já estamos no nosso quinto encontro. A incidência de temas violentos se reflete nas histórias improvisadas, nos desenhos e nas relações criadas com as produções artísticas.
Preparei uma segunda aula trazendo uma imagem de Francisco Goya para discussão em aula. Perguntei sobre quais seriam os motivos que levaram o artista a realizar a pintura do 3 de maio confrontando com uma pintura de Seurat (Domingo na ilha de Grand Jatte 1884) e com o desenho de M. de seis anos. Um aluno de 12 anos concluiu que os motivos que levam as crianças a fazer desenhos violentos é a exposição a videos games e filmes violentos.
Já o aluno I. de 8 anos acredita que Goya realizou a pintura sobre o 3 de Maio não porque gosta da violência, mas porque desejaria mostrar as pessoas como é a guerra.
Quando os indaguei a respeito do lugar onde desejaria estar, se na pintura de Seurat ou na de Goya, todos concordaram que o Domingo a tarde... seria um lugar mais feliz para se viver.
Numa aula subsequente o aluno M. me indagou porque eu não proíbia a realização de desenhos violentos. Eu respondi que aproveitava a situação para discutir com eles a cerca da violência e de suas consequências. Para fazer perguntas e discutir questões. Que porém não permitia a violência ou a propaganda da violência como algo bom ou positivo.
Inúmeros detalhes vão ocorrendo enquanto as crianças se engajam em suas produções e eu buscando maneiras de intervir e aproveitar as situações. Um exemplo, quando estavamos trabalhando com a confecção de cenário utilizando os folders da exposição do museu, A. de 8 anos, criou dois personagens e começou a representar uma história. De repente um de seus personagens corta a perna e ele me conta empolgado sobre a situação. Eu lamento o ocorrido e digo a ele que rapidamente o outro personagem precisa ligar para a emergência e socorrer seu amigo. A. demonstra-se um pouco desapontado com minha resposta e eu sorrio para ele sem dizer mais nada. Este exemplo ilustra uma das saídas que encontrei para levá-lo a refletir sobre o momento. Demonstrei, sem maiores explicações, minha opinião. Deixando implícito que não me divirto com acontecimentos violentos ou acidentes e aproveitando-o para orientá-lo como deveria agir numa situação real.
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