sexta-feira, 22 de junho de 2007

Crítica ao seminário e ensino de arte à distância

Como fui barrada, aproveitei o tempo, para panfletar em nome da ocupação e depois fui convidada por colegas a entrar e participar do seminário fazendo algumas colocações que já planejava fazer ao apresentar meu trabalho.

Algumas comunicações interessantes foram feitas sobre o ensino de arte e sobre o ensino de arte à distância, pela porfessora Maria Gorete e pelo diretor do centro de artes, Aparecido José Cirilo.
Tais comunicações foram questionadas por mim e por mais algumas professoras que se encontravam na platéia e procurarei pontuá-las aqui, pois vão de encontro às nossas reinvindicações com relação ao ensino à distância:

Iniciei a fala pontuando algumas questões e trazendo dúvidas sobre o assunto.

Reclamei o fato da medida ter sido implementada de baixo para cima, por uma minoria, sem a elaboração de um seminário como o que ocorreu hoje, sem a realização de inúmeras reuniões e obtive a resposta evasiva de que, a pauta de discussões ocorreu mas, os estudantes não quiseram se envolver de fato, com seriedade.

Pergunto:
Q estudantes? Eu não fui questionada, convidada, nem orientada em momento algum.
Solicitei que daqui para frente as coisas sejam resolvidas às claras, que seja feito um seminário sobre o assunto e mais reuniões com os estudantes e com a comunidade.
O professor José Cirilo, disse que para o próximo semestre esta solicitação está na pauta das discussões. Vamos ver! Precisamos conbrar isso juntos!

Perguntei:
Por quê investir em estrutura física no interior se os nossos laboratórios de gravura, fotografia, multimídia, informática e outros estão sucateados?

Resposta: As verbas dependem das parcerias que estabelecemos em cada região.

E não poderia ter sido pensada, uma parceria, para promover melhorias aqui e conceder um percentual de vagas a alunos provenientes dessas localidades?

Pontuei que, se faltam professores no interior, o problema não é só a falta de universidades mas, também, os vergonhosos salários que não encorajam ninguém a sair da cidade para essas regiões.

Inclusive, na própria capital, a demanda não é sanada e tem professor de qualquer coisa, dando aula de artes à doidado.

Antes de inventar estruturas em outras localidades precisávamos resolver os problemas daqui. Abrir mais vagas, cursos noturnos, melhorar os laboratórios, campus na grande vitória e assim ampliando pouco-a-pouco. Senão como serviremos de satélite e exemplo para os pólos? Contraditória a lógica não?

Pontuei ainda que, a construção da moradia estudantil tb contribuiria para acabar com esse problema, uma vez que, mais estudantes do interior, teriam condições de virem para a cidade.

Segundo o site do NEAAD (http://www.neaad.ufes.br/) e segundo a professora Maria Gorete cerca de 1270 vagas foram aprovadas para o ensino à distância que será implementado em nove pólos no estado. Segundo ela a carga horária seria a mesma do curso presencial. Não achei nenhuma informação no site (talvez eu precise pesquisar melhor).

Perguntei à respeito do número de pessoas que está pensando a gestão destes pólos aqui no estado e pasmem:

Segundo ela, dentro do centro de artes da UFES, são cerca de 11 pessoas responsáveis pela elaboração de material didático (com base em cursos de treinamento de ensino à distância), responsáveis pela estruturação, implementação e fiscalização de tais pólos junto às prefeituras das localidades em que são implementados, responsáveis pela identificação de problemas (que são muitos segundo a própria mesa) e pela resolução dos mesmos.

Agora cá pra nós:

Se nem o BOB ESPONJA saiu do esqueleto, como é que vamos acreditar?????

Levando em conta que o negócio já está em curso e que já foi aprovado, perguntei:

Qual a possibilidade de criação de um núcleo de estudantes bolsistas, para auxiliarem na elaboração, pesquisa, fiscalização e implementação desse projeto? Ajudando na formação dos mesmos, criando mais possibilidades de renda e participação democrática além do intercâmbio entre estudantes da UFES com estudantes dos pólos à distância através da elaboração de seminários e visitas com ônibus financiados pela universidade para encontros culturais e etc.

NÃO OBTIVE RESPOSTA E O TEMPO PARA DISCUSSÃO TERMINOU.

Outras duas professoras perguntaram:

Quando será apresentado o relatório de resultados do primeiro período de implementação do curso? Ou seja como será fiscalizado e como teremos conhecimento dos resultados?

NÃO OBTEVE RESPOSTA

Como será resolvido o problema, da escolha de tutores desses pólos, se esse tutores precisam ser formados em artes e muitas dessas cidades não dispõem de profissionais da área?

A MESA DISSE QUE ESSE É UM PROBLEMA A SER RESOLVIDO

Estudando aqui, presencialmente, durante cinco anos, vejo o quanto ainda tenho para aprender e quantas pessoas saem sem preparo para atuar na área, imagine à distância.

Estudando um pouco sobre a história da educação do país e das LDBs, se torna clara a percepção de que, o ensino à distância, na maneira em que está sendo implementado no país serve para:

Tapar o buraco da deficiência educacional do país;
Descentralizar os movimentos estudantis e a construção coletiva do conhecimento (como foi feito na ditadura militar);
Criar mão-de-obra barata de qualidade crítica e cidadã questionável;
Atrair verbas e concessões do Governo Federal.
Favorecer a minorias;
Servir de propaganda para alguns políticos;
Criar maneiras paleativas de não resolver os problemas em sua raíz.
Fadar-se ao fracasso, uma vez que, é pautado em uma experiência sem muito respaldo e apoio. Sem uma gestão democrática e participativa de construção e fiscalização junto à sociedade;
Uma vez que demonstra desconhecimento do processo histórico da educação no país;

Na medida em que essas mesmas pessoas aderem a um sistema neoliberal de educação, sem perceberem ou desejarem perceber a gravidade do fato.

ACREDITO QUE, SE TODAS AS QUESTÕES ACIMA FOSSEM LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO, O ENSINO A DISTÂNCIA NÃO PRECISARIA SER IMPLEMENTADO NO PAÍS E NEM POR ISSO HAVERIA FALTA DE EMPREGOS E PROFISSIONAIS DA ÁREA.

GARANTIRÍAMOS UMA FORMAÇÃO MAIS CONSCIENTE E CIDADÃ PARA O FUTURO. POIS ESTE SIM É O MAIOR OBJETIVO.

A MAIOR PARTE DOS ESTUDANTES SE MOSTRAM CONTRÁRIOS AO ENSINO À DISTÂNCIA, POR ISSO DEIXO MINHA NOTA DE REPÚDIO.

Um comentário:

elisa disse...

kelly, esses questionamentos sempre me faço.
Até quando o ensino da arte será dada desta forma: sem prestígio e sendo uma matéria que "qualquer um" pode lecionar. Minha monografia é sobre isso!
Precisamos conversar e montarmos uma comissão!
beijim e gostei da iniciativa!